O que seria o spyware Pegasus?

Como dito anteriormente, os principais alvos do spyware Pegasus são jornalistas e ativistas de direitos humanos. Uma investigação foi aberta e se chama Projeto Pegasus, com a intenção de expor tudo que o mau uso deste software está causando no mundo. Mais de 17 veículos midiáticos foram afetados e, de acordo com informações do The Guardian, jornal americano, jornalistas dos seguintes jornais foram afetados: CNN, The New Tork Times, Le Monde, Al Jazeera, The Wall Street Journal, The Financial Times e outros. O spyware Pegasus foi desenvolvido pela empresa israelense NSO Group e pode ser utilizado para rastrear todas as atividades registradas no smartphone hospedeiro. Inclusive, este é apontado como um dos motivos que levou ao divórcio do bilionário Jeff Bezos e também ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, do The Washington Post, até então dito ser assassinado por mandado de Mohammed bin Salman, príncipe da Arábia Saudita. Ajudantes próximos, a noiva e o filho do jornalista também foram vítimas do spyware. Sabe-se até o momento que, além de rastrear todas as atividades do smartphone, como ler mensagens e exibir localização, o spyware também consegue extrair arquivos que contenham áudio, ou seja, caso a vítima realize ligações para outras pessoas ou mande áudios via aplicativos terceiros, os criminosos poderão ter acesso a todos esses conteúdos de forma completamente ilegal e invasora. Através do Projeto Pegasus que foi possível descobrir sobre os 17 veículos midiáticos que foram afetados pelo spyware, e deles, 180 jornalistas foram alvos. Também sabe-se que cerca de 50.000 smartphones já foram vítimas de espionagem através do spyware Pegasus, entre eles, pessoas envolvidas na ONG Forbidden Stories e da Anistia Internacional. Conforme relatórios do projeto, acredita-se que todos os infectados podem ser pessoas pelas quais agências governamentais possam conter algum tipo de interesse.

Países envolvidos

Das análises feitas até o momento, foram apontados pelo menos dez países como usuários do spyware em algum nível de monitoramento de seus alvos, entre eles Arábia Saudita, Azerbaijão, Barein, Cazaquistão, Emirados Árabes Unidos, Hungria, Índia, México, Marrocos e Ruanda. Alguns desses governos se posicionaram sobre as acusações de utilizarem o spyware Pegasus para intimidar jornalistas ou realizar quaisquer atividades ilícitas. Argumentos de alguns destes países:

Governo da Índia: “não houve interceptação não autorizada por parte de agências governamentais”, ainda adicionou um trecho sobre um protocolo no país que fala sobre esse tipo de interceptação, em que envolve esferas estaduais e nacionais;Governo de Ruanda: “não possuímos habilidades técnicas de qualquer natureza nesse sentido, ou seja, as acusações são falsas”;Governo da Hungria: o governo húngaro também negou as alegações sobre a utilização do spyware em sua parte, e em resposta ainda perguntou se os gorvenos dos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido ou França também foram questionados.

Posição da NSO Group

A NSO Group se pronunciou sobre as acusações, negando a todas, informando que suas tecnologias são, na verdade, usadas para combater o crime e que seu sistema não pode ser manipulado e não há a possibilidade de extrair e/ou visualizar informações. A empresa ainda afirmou que sua tecnologia é vendida apenas para aplicação da lei, uso militar e agências de tecnologia em países que os índices de direitos humanos são mais elevados, para ajudar a derrubar criminosos e acabar com o terrorismo. Ainda em 2019 a NSO Group se envolveu em outro escândalo: o aplicativo mensageiro WhatsApp processou a empresa por terem recebido mais de 1.400 alegações de seus usuários, em 20 países, por serem vítimas do spyware Pegasus. Na ocasião a NSO Group negou todas as acusações e acabou sendo bloqueada para utilização do WhatsApp.

Brasil e o spyware Pegasus

Acusações e possíveis negociações também assolam o território nacional. Em maio deste ano o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, teria entrado em contato com a NSO Group sugerindo participação numa licitação do Ministério da Justiça para uma possível aquisição do sistema de rastreamento ilegal pelo Governo Federal. Segundo reportagem do UOL à época, a intenção do vereador seria criar uma força de inteligência paralela, para interesses pessoais do Presidente da República, usando as estruturas do Ministério da Justiça e da Polícia Federal. Este movimento foi mal visto entre a ABIN (Agência Nacional de Inteligência) e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), com veemente insatisfação pois o que seria tratado não era de alçada para um vereador, sem falar na natureza vil da tecnologia. O vereador negou ter se envolvido em qualquer articulação dessa natureza.

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Ainda sobre possíveis malfeitores, confira alguns golpes do Pix e como evitá-los! Fonte: The Verge, TechRadar e TNW.

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