Correções foram feitas no último final de semana com o primeiro patch de atualização, mas ainda há muito a se fazer até que o jogo da polonesa People Can Fly atinja um estado agradável, que combine com o gênero proposto de looter shooter, onde o objetivo do jogador é matar inimigos e coletar itens. Não à toa, Outriders segue a fórmula de outros jogos famosos e bebe da fonte de Bulletstorm e Gears of War, dos mesmos desenvolvedores, com elementos de RPG e mecânicas arcade divertidas. Pois bem, jogamos Outriders desde o dia de lançamento e te contamos neste review os pontos fortes, fracos e tudo o que pode melhorar, testando o game no Xbox Series X e no PC.

História/atmosfera

Com crise de recursos e o aquecimento global, humanos são obrigados a viver no espaço. A colonização de um novo planeta parece promissora, mas logo se prova um apocalipse por conta própria. Agora com poderes (magias elementais), o personagem controlado por nós deve desbravar terras desconhecidas, encontrar seres misteriosos e conquistar o território junto de sua equipe. Crie seu personagem, escolha uma das quatro classes e parta para a ação. Na prática, a história de Outriders só serve para justificar a matança de inimigos, então vamos fingir que ela realmente importa. Ironias à parte, o universo do jogo é contado em diálogos e, em sua maioria, no diário do protagonista, acessível pelo menu. Quem quiser profundidade, pode assistir cada animação das sidequests e tentar se importar um pouco mais com os (descartáveis) personagens que estão ao nosso lado. A narrativa não é um demérito e nem um ponto especial a ser elogiado neste review. Por outro lado, a atmosfera do jogo em si merece elogios. Áreas tem uma ambientação única, podem ser exploradas e, com auxílio do mapa, você até se sente em um game de mundo aberto. Contudo, a linearidade não deixa enganar, visto que são três ou quatro missões principais para cada seção. Desde uma cidade distópica densa de humanos até florestas e desertos ocupados por criaturas gigantes, regradas por uma força mística maior, somos levados a cumprir tarefas e entender o desenrolar deste desorientado plot. Jogando a campanha e as sidequests de Outriders por dois finais de semana (e certos dias à noite), afirmo que são cerca de 30 horas até a conclusão do jogo. Há um estado de “epílogo” limitado que traz expedições, sendo versões estendidas das missões da campanha principal, com modificadores de dificuldade diferentes. Porém, nada te impede de refazer missões e tentar conseguir melhor loot, pois todos os momentos da história podem ser refeitos, bastando uma rápida seleção no lobby.

Jogabilidade

A maior parcela da discussão sobre Outriders está na jogabilidade. É inegável que o gênero carrega consigo uma necessidade de repetições. Similares, como Destiny e The Division, sabem muito bem o que isso significa. Um ponto positivo é que, graças ao ótimo design e às mecânicas de progresso, não é necessário partir para o grind (ações repetitivas com objetivo de subir de nível, geralmente) em nenhum momento do jogo.
O game nunca teve a proposta de ser “mundo aberto” como The Division, então não decepciona por conta disso. Em termos de exploração, há o queridíssimo fast travel (viagem rápida) para te poupar de atravessar todo o mapa a pé. Ao chegar em um novo local, você encontra um ponto para fincar o estandarte e este vira o ponto de viagem. O problema é que, entre áreas novas do mapa ordenadas pelos capítulos da história, você precisa voltar ao acampamento principal, conversar com um NPC, dizer a região para viajar, esperar por todos os loadings e só então pode dar o fast travel na nova região. Nos acampamentos você encontra também o ponto de matchmaking, para organizar partidas com desconhecidos. Opcionalmente, a qualquer hora você pode voltar ao menu e convidar um amigo (de qualquer plataforma) para entrar no “seu mundo” e te auxiliar a matar inimigos. Mesmo que haja uma diferença gritante de níveis entre vocês, o poder de fogo do jogador superior é equilibrado de forma inteligente e, como troca, os itens adquiridos são condizentes com o ato da história. O nível de mundo, porém, dita quão difícil será sua jogatina, tendo um maior impacto na dificuldade dos inimigos. Mais corajosos podem colocá-la para cima e isso resultará em mais chances de obter itens melhores. Basta ver trechos de gameplay para ficar óbvio que cada inimigo comum é como se fosse um chefão quando chegamos ao nível 15. Fiz boa parte do jogo no tier 5, que colocou os inimigos dois níveis acima do meu, e o desafio já foi o suficiente. Quem é mais “aventureiro” pode deixar a dificuldade crescente em modo automático, então se você desbloquear um tier acima do atual, o jogo subirá a dificuldade sem te avisar. Por referência, há diferentes tipos de inimigos, independente do “grupo” ou cenário. Quando os rivais são humanos (ou bípedes, parecidos com humanos), há os que correm na sua direção para ataques corpo-a-corpo, os snipers, os pesados com metralhadoras e os “comuns”, com rifles de assalto padrão. Quando os rivais são alienígenas monstruosos, há os mais fracos que te cercam (em grande quantidade), os que cospem ácido, os gigantes que te matam em poucos golpes e os que têm poderes especiais à distância. A inteligência artificial não me distraiu em nenhum momento, então creio que foi complementar à jogabilidade de Outriders – sem destaques especiais. Para quem jogar com um amigo, pode existir um “revezamento de atenção” dada a cada um, então caso você chame a atenção de chefões, seu parceiro pode lidar tranquilamente com os minions. A graça é quando você opta por seguir uma classe diferente, resultando em um combo poderoso ao derrotar inimigos. Falando nas classes, temos quatro: Pyromancer (combate próximo, com poderes de fogo), Trickster (stealth, que se teletransporta), Devastator (tanque, de terra) e Technomancer (tático, de suporte). Com cada uma você tem o diferencial de um trio possível de habilidades, que são nada menos que poderes sobrenaturais ditados pela classe. Para quem jogar com controle, eles estão sempre em fácil acesso com os botões LB/L1, RB/R1 e a combinação de ambos para um terceiro ataque. O segredo de uma boa jogatina é o equilíbrio entre um equipamento decente, armas que combinem com o seu estilo de jogo, o tipo de missão e a hora certa em usar seus poderes especiais. Ironicamente, você se coloca na linha de fogo para recuperar vida – e isso requer agilidade e conforto com as mecânicas, coisa adquirida gradativamente com Outriders. Por isso, você precisa sempre realizar malabarismos com estes pilares, enquanto tenta matar inimigos para se curar e esquivar enquanto espera os poderes recarregarem. Após destravar todas as 8 habilidades/anomalias, você pode testar a melhor para o seu estilo de jogo, sacrificando suas recompensas estéticas a longo prazo. Junto disso, você tem a árvore de habilidades para melhorar seu personagem, com resistência, ataque, roubo de vida e outros clichês de RPG. Para a alegria de muitos, a skill tree pode ser zerada com o pressionar de um botão, a qualquer hora, sem custo.
Tratando das armas e do loot em si, temos o sistema clássico de classificação por raridade. Para proteção você tem capacete, escudo corporal, calças e botas. Em termos de poder de fogo, você pode carregar duas armas principais e uma secundária. Um destaque fica ao botão dedicado à coleta de itens próximos, que fez a diferença nas dezenas de horas de jogo. A única raridade de item com diferencial visual (que não seja só uma pintura colorida) é a Lendária, que ganha um design especial e tem modificadores brutais. Os mods dos itens são, como o nome dá a entender, modificadores que dão uma camada adicional de personalização. Uma arma básica pode carregar um modificador adquirido em uma arma lendária, por exemplo, tornando possível um efeito de envenenamento ao seu alvo. Por sorte, você pode escolher entre desmontar itens no inventário a qualquer momento ou vendê-los quando estiver na base. Ao desmontá-las, você desbloqueia permanentemente o modificador. Com o NPC responsável pelas modificações, há como escolher entre diversas opções: melhorar raridade, melhores atributos, modificadores ou o nível da arma em si. Os mods de congelamento e o de explosão pós-morte são ótimos em qualquer situação, em um combo poderoso com as armas. Deixar o jogador no controle da situação é um dos pontos mais fortes de Outriders. Mesmo com centenas de combinações possíveis, em nenhum momento me vi obrigado a selecionar mods específicos antes de enfrentar uma horda. Cada item serve mais como uma possibilidade de “teste” em prol de melhorar sua experiência matando inimigos. Veja o que funciona para você e foque nisso, criando mais possibilidades ao progredir e encontrar novas armas/mods pelo caminho. Troque quando achar necessário ou melhore seu equipamento atual; você escolhe.

Visual e áudio

Como elogiado acima, Outriders opta pela estética singular a cada capítulo da história. Há biomas diferentes e você, enquanto jogador, está rodeado por uma atmosfera bastante palpável. O deserto e a floresta foram os que mais chamaram atenção, à parte do local na base de um vulcão que traz um chefão surpreendente. Isso é reflexo de um excelente trabalho da equipe de arte, pegando a lore como referência para desenvolvimento de climas e cenários. Uma rápida lida no diário revela que tudo foi pensado com cautela. É uma pena que a história em si não consiga “vender” a curiosidade de explorar a biografia dos personagens, que fazem brincadeiras e podem muito bem morrer no próximo capítulo sem que você sinta falta. Então por mais que exista o trabalho, isso não consegue criar empatia do jogador, o que talvez fosse diferente caso o jogo se passasse na Terra e você tivesse o interesse em saber o que aconteceu com o planeta. As animações dos personagens são eficazes em desenvolver a narrativa – houve captura de movimentos, dada a naturalidade – e a dublagem em português também é boa. Em termos de áudio, fora o trio de poderes, as armas não conseguiram transmitir o prazer de apertar o gatilho como outros games. Fazendo paralelo direto aos poucos títulos de Gears of War que tive o prazer de jogar, nada se compara à Lancer (rifle com serra elétrica na ponta). A respeito de ritmo, temos uma quebra de imersão nas transições. A cada início de missão, seu personagem levanta um tronco/abre uma porta/pula em um buraco, sendo este um bloqueio físico que te impede de acessar a nova área. O problema é que, nestes momentos, há loading para exibir a cena e ainda mais um para carregar a seção do mapa, com a tela escurecendo em ambos os loadings. Convenhamos: se isso acontece mesmo na nova geração de consoles, temos claras evidências de má otimização.

Performance de Outriders

Xbox Series X, por Allan Camilo

Até depois da primeira grande atualização, Outriders foi inesperadamente encerrado no meio de uma de minhas sessões de jogo. Essa é uma maneira prática de resumir o que foi a falta de confiança com o game, ainda que eu tenha conseguido jogá-lo sem quedas bruscas de frames. Jogando no Series X, pude criar uma party (grupo/sessão) para jogar online com amigos em outras plataformas, ponto forte do game vindo em uma densa fase de transição de gerações. Além disso, o loading foi consideravelmente rápido jogando sozinho, bastante equivalente quando ativei o crossplay para estar junto ao Felipe (no PC). Porém, com um amigo jogando no Xbox One, seja em minha party ou na party dele, foi o triplo do tempo. Seguindo a estreia, aproveitei dois finais de semana sem quedas inesperadas de conexão, mas ainda fiquei “com o pé atrás” no aguardo de um crash inesperado. Dois glitches conseguiram quebrar meu jogo nestes momentos de loading. Um deles eliminou meu HUD (informações sobrepostas na tela, como vida e munição), outro me privou de atacar inimigos, tanto corpo-a-corpo como com poderes/armas. Com o tempo, aprendi que bastava ir ao inventário ou, em outra instância, ser nocauteado por um inimigo, que tudo voltava ao normal. A exigência de conexão com a internet foi um ponto fraco, visto que a instabilidade dos servidores me impediu até de jogar sozinho no meu tempo livre. Em uma tela 4K, Outriders rodou como imaginado (nos momentos onde não houve queda de conexão, claro), fazendo jus à atual geração. Só restam alguns ajustes e atualizações futuras para melhorar esta experiência.

PC, por Felipe Vidal

Outriders é um grande contraponto de experiências e expectativas. Embora possua uma história clichê e genérica demais, sua jogabilidade é muito divertida e a característica de ser um looter shooter aprofunda essa forma de entretenimento. Contudo, o Showmetech também analisou uma cópia de PC enviada gentilmente pela NVIDIA nos últimos dias. Partindo para um campo um pouco mais técnico, Outriders se sai bem no que diz respeito à otimização em diversas máquinas. Geralmente, jogos multiplayer não possuem tanta fama de rodar bem em máquinas mais fracas, mas, principalmente jogos atrelados à Square Enix, são essencialmente problemáticos. O título da People Can Fly, no entanto, foge dessa regra e me surpreendeu positivamente em alguns quesitos. Games normalmente não seguem tão bem os requisitos mínimos e recomendados estipulados pelas desenvolvedoras, mas Outriders parece seguir à risca essas especificações para os requisitos mais baixos. Outriders obtém muito êxito ao não ser pesado para processadores, fazendo com que modelos do segmento de entrada suportem bem a jogatina. Em nossos testes, um Intel Core i5-6600 de 4 núcleos e 4 threads se saiu muito bem e consegue entregar uma experiência com qualidade média e alguns filtros no alto a 60 quadros em Full HD com uma RX480 de 8GB e 16GB de memória RAM. Paralelamente, Outriders possui um excelente recurso vinculado para melhor a performance nos PCs: o DLSS 2.0. O Deep Learning Super Sampling é uma tecnologia da NVIDIA e funciona apenas em placas da família RTX. Esse recurso utiliza Inteligência Artificial e Machine Learning para renderizar imagens em alta resolução e aprimorar o desempenho em jogos. Em termos práticos, por exemplo, o DLSS pega uma resolução nativa em 1440p e renderiza os quadros em uma resolução menor, com menos pixels. Graças à I.A., o recurso redimensiona a escala e resolução de imagem e preenche os pixels restantes devido ao processamento com inteligência artificial, reduzindo a carga sobre a placa de vídeo. A função também é utilizada para corrigir problemas de antiserrilhado nos jogos e garante mais estabilidade na hora da jogatina. Em Outriders o DLSS 2.0 é executado com perfeição. Em testes com uma RTX 2080 e um Intel Core i7 – 8700K na resolução Quad HD (2560x1440p) no ULTRA o game fica numa média de 70 quadros, e ao ativar o DLSS para o modo performance a jogatina fica na casa de 120 a 130 quadros de forma estável. O DLSS novamente se destaca no cenário de jogos de computador, e além de ser revolucionário para os jogadores, é uma maneira extraordinária de aumentar a longevidade das placas e proporcionar melhores experiências in game. Se Outriders possui uma otimização interessante em nossos testes não podemos falar o mesmo sobre a experiência no PC. Desde o primeiro dia o game foi acometido por centenas de bugs, problemas de servidor, outros bugs e crashes.  Um patch finalmente foi lançado para todas as plataformas em 10/04 e de fato corrige e melhora significativamente a experiência do jogador. No entanto, antes da atualização, era extremamente normal não conseguir se conectar para jogar o multiplayer, ou inclusive não conseguir ver o HUD, ou seja, as informações sobre vida, munição e mira durante o gameplay. Não obstante, o patch lançado foi um grande alívio para Outriders, mas o título da People Can Fly ainda sofre com dificuldades de conexão, problemas para a ativação do crossplay e alta latência durante as partidas.

Conclusão

Outriders está disponível para PlayStation 4/5, Xbox One/Series X/S e PC (Steam) por R$ 279,90 e também gratuitamente para membros do Game Pass (assinatura de jogos) em ambas as gerações do Xbox. Pagar por um jogo que não funciona frustra (com razão) qualquer jogador, então para quem adquiriu Outriders no Xbox a sensação de “aposta” foi mais tranquila. Ele está longe de ser um Cyberpunk 2077, que claramente tem muito a melhorar ao longo de um ano, mas sofreu com o sucesso da estreia e a falta de confiança com a conexão nas primeiras semanas. Uma normal dentre reviewers, nesta semana que segue o lançamento do jogo, é indicar Outriders com um aviso prévio: ele é bom, instável e pode melhorar. O Showmetech assina embaixo nesta recomendação, com a defesa de que vale a pena “testá-lo” no Xbox para quem já assinar o Game Pass. Como um todo, o sentimento de aniquilar inimigos usando poderes sobrenaturais é prazeroso e isso torna o jogo bastante viciante, mas talvez valha a pena esperar alguns dias para melhorias de conexão.
E aí, gostou do nosso review de Outriders? Irá jogá-lo? Conte para a gente nos comentários abaixo!

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