Já em maio deste ano, o discurso do presidente da empresa mudou. Furukawa disse que a Nintendo não pretende continuar lançando muitas aplicações para o mercado mobile. A decisão vem após o sucesso de Animal Crossing: New Horizons, para Nintendo Switch, que ganhou popularidade principalmente durante a pandemia do novo coronavírus. Agora a empresa deve focar seus esforços e recursos em jogos para o console.

A saga da Nintendo no mercado mobile

Após os resultados decepcionantes do lançamento do Wii U, a empresa decidiu começar a explorar o mercado de jogos mobile para tentar compensar as receitas em baixa. Isso aconteceu em 2015. No mesmo ano, a empresa lançou o Miitomo, seu primeiro aplicativo para smartphone, em que os usuários podiam customizar seus avatares Mii e interagir com outros jogadores. O aplicativo foi descontinuado em 2018. Desde sua estreia neste nicho, cinco anos atrás, os jogos lançados pela Nintendo para mobile nunca chegaram a decolar de fato. Em parte, isso aconteceu por conta das estratégias adotadas pela empresa para estimular os retornos financeiros dos jogos.  O Super Mario Run, que foi o primeiro grande título da empresa para mobile, tinha um mecanismo em que o jogador podia pagar para desbloquear a experiência completa do jogo. No caso do Mario Kart Tour, título mais recente, a Nintendo tentou monetizá-lo oferecendo um modelo de assinatura dentro do jogo. Nenhuma dessas estratégias pegaram bem entre os jogadores. Agora com a pandemia de COVID-19, ficou mais aparente ainda para a Nintendo que o mercado mobile talvez não seja o melhor canal para concentrar seus investimentos. Isso porque entre fevereiro e maio, dados coletados pela Sensor Tower, empresa especializada no mercado mobile, mostraram que as receitas dos títulos da empresa para esta plataforma despencaram desde o começo da pandemia, enquanto as de jogos de outras empresas decolaram. Em 2020, a Nintendo informou que, em relação ao mercado de jogos mobile, deve focar em títulos já existentes. E de acordo com Serkan Toto, consultor de jogos deste nicho, o “duto da Nintendo está vazio” após o lançamento de Mario Kart Tour. Toto também disse que o sucesso enorme recente da Nintendo em jogos para console diminuiu a necessidade e a pressão para investir em títulos para mobile.

O sucesso de Animal Crossing: New Horizons

Lançado em 20 de março deste para Nintendo Switch, Animal Crossing: New Horizons se tornou o mais novo sucesso de público e crítica da Nintendo. É o quinto jogo da franquia Animal Crossing (ou oitavo, se contar os spin-offs) e o primeiro para Switch. Nele, o jogador controla um ser humano que vive numa ilha habitada por animais antropomórficos, isto é, que possuem características humanas. No universo da franquia, os animais falam, usam roupas e até se preocupam em ter emprego para pagar contas.  Na ilha, o jogo simula as necessidades diárias de alguém que vive num local isolado. E o jogador precisar aprender uma enorme gama de atividades para sobreviver, incluindo cultivar seus próprios vegetais, criar animais, pescar e estabelecer relações com outros habitantes. Entre março e maio, período em que a Nintendo observou as receitas de seus jogos para mobile despencarem, Animal Crossing: New Horizons enfrentou justamente o oposto. A estética agradável e pacífica do jogo fez com que ele virasse uma espécie de ícone para acalentar mentes ansiosas por conta do contexto da pandemia do novo coronavírus. Isso fez com que a popularidade do jogo e do console da empresa, o Nintendo Switch, disparasse. A empresa chegou, inclusive, a lançar um aplicativo para smartphone vinculado ao novo título da franquia Animal Crossing. De acordo com dados da Sensor Tower, o app garantiu aumento de 45% nos ganhos do jogo para Switch. No final das contas, a estratégia que parece render mais para a Nintendo é levar jogadores dos smartphones para os consoles. O sucesso de Animal Crossing: New Horizons contribuiu para que a meta de vendas do Nintendo Switch para o primeiro trimestre deste ano fosse batida. Aliás, as vendas do Switch já superaram os números de vários outros consoles lançados pela Nintendo.  Agora resta saber se o sucesso do console será suficiente para que a empresa se permita não investir mais em jogos para mobile nos próximos meses e anos. Fontes: Business Insider e Neowin

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