Esse caso representa o maior desafio, até agora, relacionado à maneira que as gigantes tecnológicas estadunidenses usam o conteúdo produzido por veículos de comunicação em suas plataformas. Por isso, está sendo observado de perto no mundo todo.

Ameaça do Facebook

Se a rede social realmente concretizar sua ameaça, os australianos não poderiam mais compartilhar matérias nacionais e internacionais tanto no feed do Facebook quanto no feed do Instagram, que também pertence à empresa.  No contexto global, as empresas de tecnologia dos EUA estão sob pressão de reguladores. Em 2019, por exemplo, a União Europeia aprovou a Diretiva de Direito Autoral. Essa medida define a remuneração de conteúdo jornalístico veiculado nas plataformas de tecnologia. Lá na Europa, Espanha e França já transferiram essa diretiva para a legislação local, aplicando-a em conteúdos produzidos por veículos locais. Além da Austrália, a Alemanha e o Reino Unido são países que parecem avançar nesta direção também.

Conflito de longa data

Este é mais um desdobramento de um embate entre o governo australiano e as gigantes tecnológicas que acontece desde 2019. No final de julho deste ano, o governo da Austrália divulgou a decisão que colocava que o Facebook e o Google teriam que pagar os veículos de comunicação pelo uso do conteúdo nas suas plataformas. Desde o ano passado, o governo da Austrália vinha pedindo para que as empresas conversassem com os veículos de comunicação para tentar costurar uma solução que fosse justa para ambas as partes. O pedido não gerou resultados, então o governo decidiu fazer a arbitragem dessa negociação. Na época, eles estipularam que as gigantes estadunidenses e os veículos teriam 45 dias para chegarem a um acordo. Isso também não gerou resultados. E agora o Facebook ameaçou tomar uma medida drástica.

O embate

De acordo com Josh Frydenberg, Ministro da Fazenda da Austrália, essa obrigação de compensação das empresas de tecnologia à mídia do país é uma forma de garantir maior competição no setor, maior proteção ao consumidor de notícias e manter um ecossistema de imprensa sustentável no país. Já o Google e o Facebook alegam que são responsáveis por levar milhões de usuários diariamente para sites de notícias — o que é uma realidade. A grande maioria dos acessos de um site jornalístico vem de pesquisas do Google ou de postagens nas redes sociais, e apenas uma pequena parte provém de acesso direto (quando a pessoa digita o endereço do site no navegador). Só que ao mesmo tempo que essas empresas de tecnologia são responsáveis por aumentar o público de um site, elas também são responsáveis por diminuir em muito o faturamento desses veículos com a forma como controlam todo o sistema de anúncios online. Por exemplo, a versão física de um jornal de grande circulação tem total controle sobre o quanto irá cobrar para que uma empresa anuncie em suas páginas, e todo o valor cobrado do anunciante entra para os cofres do jornal. Isto não acontece na internet, onde a principal forma de remuneração está na exibição de anúncios do Google Ads. Algo ainda pior acontece no Facebook: ainda que a rede social traga muitos leitores para um site, o Facebook precisa dessas notícias para criar interações entre os usuários e mantê-los na plataforma para que eles possam ver os anúncios da rede social.  Só que além de muitas vezes não pagar nada pelo uso dessas notícias (o Facebook tem testado um sistema de divisão de anúncios parecido com o do Ads, mas nesse caso ele para de gerar visitas para o site porque o conteúdo deve ficar todo dentro da rede social), ele obriga as empresas de mídia a pagar (o chamado “post patrocinado”) para que elas possam atingir uma parcela significativa do próprio público na rede social. Fonte: TechCrunch O que você acha desse embate entre o governo da Austrália e as gigantes tecnológicas dos EUA? Conte para nós aqui nos comentários!

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