Nessa sequência de Doutor Estranho, o que temos é um arco de novas possibilidades para o MCU e talvez seja o filme com mais liberdade criativa para um diretor até então. Tudo que nos é apresentado aqui desde o início é a cara do diretor e ainda somos jogados em cenas com bons elementos do terror, inclusive com jumpscares.

A assinatura de Sam Raimi

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é, acima de tudo, um filme de Sam Raimi. Isso já vai ditar muito se a sua experiência vai ser boa ou não. Como as cenas são gravadas, a enxurrada de coisas acontecendo e a temática que foge completamente ao que estamos acostumados a ver no MCU (Universo Cinematográfico da Marvel) fazem dele o filme mais único desse universo há muito tempo. Se o seu objetivo for assistir a um filme com uma temática mais família, por exemplo, acredito que essa não é a melhor opção, afinal, aqui é onde o circo pegou fogo nesse sentido. Logo na primeira cena do filme somos jogados numa sequência maluca em um dos outros universos espalhados pelo Multiverso. Nessa cena, temos America Chavez (Xochitl Gomez) e uma variante de Doutor Estranho fugindo de uma criatura. No fim da cena, o que temos é o Estranho querendo sacrificar a moça em prol dos seus poderes. Outras coisas que marcam presença no longa são os elementos do terror, que acrescentam bastante a experiência. Particularmente, não tive nenhum susto, mas fiquei bastante surpreso com o que foi colocado aqui. Temos cenas escuras em corredores gigantes, um grau de violência que esconde o gore, mas não por completo, mas o que mais me chamou a atenção foram os cenários. Embora o filme não explore muito a variedade de mundos, temos alguns cenários muito interessantes. São locais muitas vezes escuros, mas com um nível de detalhe que impressiona e te deixa imerso naquele mundo. Esses locais, misturados com a criatividade do diretor na hora de montar as cenas, fazem delas memoráveis e bem impactantes.

E a história, hein?

Podemos dizer que Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é uma sequência direta de WandaVision (disponível no Disney+), sendo essa a única obra realmente necessária para conseguirmos compreender o lado de Wanda por aqui. As coisas ficam um pouco confusas quando pensamos demais no roteiro assinado por Michael Waldron — o mesmo de Loki —, já que ele se apressa demais com os elementos apresentados na trama, além de colocar coisas na mesma que no fim das contas não servem para nada. Esse problema se espalha também para Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate (Elisabeth Olsen). Ao invés de seguir os passos do que foi apresentado na série, o filme faz Wanda sofrer tudo de novo o que já foi resolvido na série e passa a tratá-la como o mal encarnado na terra. Não posso dar mais detalhes que isso sem spoilers, mas é algo que gera grandes momentos no filme, mas que se você pensa muito sobre o assunto, é um tanto quanto exagerado. Já que mencionei Wanda, é importante comentar que Olsen entrega nesse filme sua melhor interpretação da personagem até agora. Ela entrega momentos de fúria, tristeza e até mesmo um certo sadismo que, novamente, com a direção de Sam Raimi gera um dos melhores momentos do MCU para mim.

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura tem referências?

Como já falei no começo do texto, o novo longa da Marvel segue um caminho com uma liberdade criativa bem maior para o diretor e está longe de ser um filme evento como Ultimato ou Sem volta para Casa, mas há sim algumas referências e participações especiais que podem deixar as pessoas empolgadas. O filme se diverte nesse sentido muito mais trabalhando sua própria loucura ao invés de encher a tela com personagens aleatórios. E caso tenha lido todo o tipo de vazamento que teve internet afora, cuidado para não se decepcionar. E ah, o filme conta com duas cenas pós-créditos, como já é de praxe dos filmes da Marvel Studios. A primeira cena é interessante e abre um leque de possibilidades para o futuro da Marvel, já a segunda não tem relevância nenhuma para o universo Marvel, é apenas um autorreferência do diretor com seus antigos filmes.

Vale o ingresso?

A resposta desse tópico vai depender totalmente do tipo de filme que você está esperando. Se você estiver indo ao cinema esperando um filme que brinque com sua imaginação, tenha ótimas cenas, cenários e um nível de criatividade excelente para elas, esse é o seu filme. Agora se você estiver esperando mais um filme igual Sem Volta para Casa, onde tivemos conexões e aparições com diversos personagens e filmes diferentes, aí talvez você se decepcione. De qualquer forma, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura entrega uma experiência muito legal de presenciar nas telonas, com belas cenas, cenários e efeitos, incluindo coisas que vão te tirar um pouco da zona de conforto que o MCU vem sendo nos últimos anos. Confira também nossa crítica do quinto episódio de Cavaleiro da Lua

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