Esse número pode parecer pouco, mas em apenas três meses houve um crescimento de quase 60% em relação a todo o ano de 2021, além de encostar nos 3% da fatia de mercado que representa os veículos movidos apenas por gasolina. Segundo estimativas da ABVE, a Associação Brasileira de Veículos Elétricos, o Brasil dispõe de cerca de noventa mil veículos eletrificados em circulação, com previsão de alcançar os seis dígitos ainda no terceiro trimestre de 2022. Embora cresça consistentemente, veículos elétricos ainda sofrem alguma resistência de consolidação no Brasil, que segue longe do índice de aquisição da Europa, uma vez que a porcentagem de mercado de tais automóveis no continente está acima dos 20%, superior inclusive à dos carros a diesel. Isso se deve por uma série de fatores, como os incentivos do governo em prol de políticas sustentáveis e à infraestrutura já consolidada e apta para receber frotas cada vez maiores, atributo que o Brasil ainda fica aquém. Essa carência de infraestrutura se traduz, por exemplo, na falta de postos e estações de carregamento para esses veículos. Na Europa, por exemplo, há países, como Portugal, em que o governo se compromete a custear parte da energia gasta em condomínios como forma de estimular a população a migrar para veículos eletrificados. No Brasil, a legislação ainda segue a passos de tartaruga. Por exemplo, há algumas tentativas de diminuir a taxação sobre tais veículos como forma de estimular a população a adquiri-los, mas elas geralmente sofrem resistência, como é o caso da PL 1256/2019 de São Paulo, que foi vetada pelo governo estadual e pretendia zerar a tributação de IPVA sobre carros totalmente elétricos e diminuir em 50% sobre carros híbridos. Há também certos acordos internacionais envolvendo o Mercosul que tentam diminuir a alíquota de importação e, assim, promover o uso na América do Sul. Entretanto, há algumas abordagens governamentais que realmente obtiveram algum êxito no sentido de regulamentar e estimular a consolidação dos carros elétricos no País, como é o caso da Lei 17336/2020, que desde março de 2021 obriga que todos os condomínios construídos após a dita data disponham de estações de carregamentos para seus condôminos.

O que fala a legislação sobre postos de carregamento em condomínios?

Antes de tudo, é necessário entender que não há uma lei de abrangência nacional no que diz respeito aos pontos de carregamento de carros elétricos em condomínios. A lei 17336/2020, por exemplo, é paulistana, ou seja, está em vigor apenas para a cidade de São Paulo. Segundo a legislação que está em vigência desde março de 2021, é obrigatório que todos os condomínios tenham postos de carregamentos previstos desde o projeto da edificação. No caso, a lei prevê que a medição do consumo dos postos de carregamento seja individualizada e que a cobrança efetuada pelas concessionárias de energia seja de acordo. A legislação não detalha, entretanto, se tal valor será direcionado aos condôminos ou ao condomínio, que poderá repassar a conta depois. É por isso que as próprias empresas que prestam o serviço de fornecimento das estações de carregamento desenvolveram formas de promover o gerenciamento dos usuários nos condomínios, com modelos que vão desde cartões de uso a até mesmo o desbloqueio dos carregadores a partir de apps de smartphone. A tendência é que legislações similares que normalizem a instalação de pontos de recarga sejam cada vez mais comuns e comecem a se alastrar pelo resto do país. No Rio de Janeiro, por exemplo, o PL 154/2021 ainda está em regime de tramitação e prevê que os condomínios só receberão a Certidão do Habite-se caso disponham de uma solução para o carregamento dos veículos elétricos dos condôminos. No caso, tal certidão é o documento que atesta que o imóvel em questão está de acordo com as determinações habitacionais do município.

Como funcionam os carregadores de veículos elétricos na dinâmica de um condomínio?

Apesar de ser possível carregar um carro elétrico em uma tomada comum, nota-se que esse modelo de recarga é consideravelmente lento, sendo que as estações próprias e destinadas a essa finalidade agilizam esse serviço de maneira considerável. Para tal, o condomínio pode solicitar o serviço de empresas especializadas que instalam as estações de carregamento em questão. Além disso, tomadas comuns de 110 V ou 220 V podem comprometer a bateria do automóvel ou trazer riscos ao usuário. Como não há uma legislação exata que determine o custo financeiro do carregamento, acaba ficando a cargo do próprio condomínio definir como funcionará o consumo e organização interna das estações de carregamento. Por exemplo, pode ser possível que o próprio condomínio determine uma agenda da mesma forma que é possível fazer com a academia ou salão de festas. Dependendo da empresa fornecedora, é possível criar diferentes formatos de consumo para os condôminos usufruírem do carregador de bateria. A Incharge, por exemplo, conta com um sistema de cadastro em uma plataforma própria e o desbloqueio da estação de carregamento através de um QR Code no celular. A ELEV Mobility, outra empresa do ramo, cita que há carregadores individuais que podem ser liberados através de cartões de acesso e inclusive traz uma espécie de “cartilha” para a implementação dos postos em condomínios. Há diversas marcas atuantes nesse mercado em expansão, cada uma com alternativas próprias, como a Power2go e a Voltbras, também gerenciadas por apps no celular.

Quanto consomem os carros elétricos?

Por via de regra, um carro elétrico é mais eficiente do que um veículo a combustão, movidos a combustíveis como a gasolina ou o etanol. Segundo o simulador da Nissan referente ao Nissan Leaf, um dos modelos eletrificados da marca, o custo anual de um automóvel movido a eletricidade não passa de R$ 1.900,00, mesmo se colocarmos o preço do kw/h no valor máximo, de R$ 2,50. Em contrapartida, um carro a combustão, com consumo similar por quilômetro e com o combustível ao preço de R$ 7,00, terá um custo anual de R$ 5.000,00. A tendência é que tais veículos se tornem ainda mais rentáveis, visto que o valor da gasolina no país é determinado de acordo com o preço internacional, que segue em alta por vários motivos, como a guerra no leste europeu e a alta do dólar.

Qual é a infraestrutura necessária para a instalação dos pontos de carregamento?

Um dos principais impeditivos para a aderência dos postos de carregamento em condomínios reside justamente na infraestrutura. Carregadores mais ágeis acabam consumindo mais energia por hora e, consequentemente, exigem instalações mais robustas. Por exemplo, é necessário observar se o condomínio conta um sistema de engenharia elétrica que suporte o fluxo de energia exigido por um carregador de bateria, isso vale desde o ponto de entrada de energia aos quadros internos de distribuição. Por exemplo, um ponto de carregamento normalmente exige uma rede elétrica cuja tensão é de 380 volts, algo incomum para imóveis não comerciais ou industriais, embora ainda existam aqueles que funcionam em redes de 220 volts, mais comum para a realidade habitacional. Ou seja, condomínios antigos provavelmente não contam com a estrutura necessária, uma vez que, quando planejados, compreensivelmente jamais vislumbrariam um futuro onde os automóveis passassem e ser movidos por energia elétrica que pudesse ser recarregada em uma espécie de rede quase doméstica. Normalmente, quando há o interesse por parte dos condomínios em aderir tais estações de carregamento, as próprias empresas costumam fazer uma avaliação das instalações já existentes e, assim, encontrar uma solução que encontra um ponto em comum entre as necessidades dos condôminos e o que a estrutura do local suporta.

Quais são os carros elétricos vendidos no Brasil?

Embora existam algumas opções relativamente acessíveis, os carros elétricos ainda são muito caros no país, com modelos verdadeiramente luxuosos que chegam a mais de um milhão de reais. De um modo geral, a maioria é importada e a produção nacional ainda está em fases de testagem, sem previsão para uma implementação definitiva dessa indústria em solo brasileiro. Das empresas tradicionais no mercado, a que tem o maior número de opções é a JAC Motors, com opções que vão a partir de R$ 164.900,00, como o JAC E-JS1 a modelos mais robustos, como a iEV330P, que é vendida como “a primeira picape 100% elétrica no mundo” e que, em sua versão mais barata, sai por volta de R$ 369.00,00. Além desses, há o sedã E-J7 e a SUV E-JS4, ambos a partir de R$ 256.900,00 Outra marca já consolidada no país é a Nissan, que traz o Nissan Leaf por um custo a partir de R$ 293.790,00. As francesas Peugeot e Renault também não ficam de fora, trazendo o Peugeot e-208 e o Renault Zoe E-Tech a preços que partem de R$ 265.990,00 e R$ 204.990,00, respectivamente.

Os automóveis de origem chinesa também não ficam de fora. A BYD está investindo forte no segmento, com o veículo SUV BYD Tan EV (a partir de R$ 515.989,00) e o sedã HAN EV (ao custo básico de R$ 539.980,00), além da van comercial modelo eT3. O mesmo é possível dizer da Chery, que trouxe o Arrizo 5e ao país. A empresa ainda divulgou recentemente que tem previsão de começar a produzir veículos nacionais em sua fábrica em Jacareí. O mercado de automóveis elétricos pode ser considerado bastante promissor, embora não seja tão estimulado no país pelas próprias autoridades, que poderiam se aproveitar inclusive de uma propaganda ambiental positiva. Novos veículos estão sempre surgindo e acredita-se que o segmento, em breve, consiga aumentar cada vez mais sua participação no mercado, principalmente em tempos de crises de fornecimento e de precificação do combustível fóssil, visto que se trata de uma alternativa cuja manutenção tem um custo mais baixo e que ainda é menos prejudicial ao meio ambiente. Veja também Várias empresas de tecnologia e eletrônicos estão observando uma oportunidade de mercado no segmento de carros elétricos. A Xiaomi, por exemplo, é uma delas. Saiba mais sobre a investida da marca chinesa nesse ramo.

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