Como se já não bastasse toda essa mobilização, o jornal britânico The Times afirmou que o presidente russo estaria preparando as suas tropas para realizar um teste nuclear próximo a fronteira da Ucrânia. O periódico citou um relatório de inteligência enviado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) aos Estados-membros, que alertou sobre as possíveis ações de Moscou. Segundo as informações divulgadas pelo periódico, um trem operado pela divisão nuclear da Rússia estaria indo em direção a uma localidade que faz divisa com o país ucraniano. A escalada é montada em um momento no qual a Rússia vê o seu exército perder terreno para as tropas ucranianas no campo de batalha. Segundo Konrad Muzyka, analista de defesa da Polônia, o trem está ligado à 12ª diretoria principal do Ministério da Defesa russo e que é “responsável pelas munições nucleares, seu armazenamento, manutenção, transporte e emissão para unidades”. Outras informações, estas divulgadas pelo Daily Mail, indicam ainda que veículos blindados de transporte militar foram vistos viajando em locomotivas em uma região próxima ao centro da Rússia no último domingo (2). Acredita-se que tais veículos tenham sido atualizados com blindagens mais reforçadas, além de terem suas armas melhoradas e contarem agora com um novo sistema de purificação de ar, projetado para permitir que seus ocupantes possam batalhar em condições adversas, como em uma possível emboscada com bombas de gás, por exemplo. A OTAN também alertou os países da aliança de que o submarino nuclear Belgorod de última geração da Rússia deixou a sua base no Mar Branco, reforçando ainda mais a ideia de que o país de Putin esteja pensando em escalar a guerra para outro patamar. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, por sua vez, declarou que Moscou não quer entrar na “retórica nuclear da mídia e dos políticos ocidentais”, não dando maiores detalhes sobre as informações divulgadas pela impressa internacional.
Rússia na luta por regiões ucranianas
A Rússia não parece estar disposta a perder territórios para a Ucrânia. Após decretar oficialmente a anexação de quatro áreas da Ucrânia — Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Lugansk —, o líder russo alegou que elas seriam defendidas com “todos os meios possíveis”. A afirmação gerou preocupação em diversos países, principalmente naqueles que fazem fronteira ou estão próximos do conflito, com a possível iminência do uso de armas nucleares. Ao mesmo tempo em que aumenta o tom, o país russo também segue preocupado após as forças ucranianas reconquistarem e expulsarem as tropas russas de algumas localidades que já haviam sido dominadas pelos russos. Foi pensando nisso que a Rússia convocou reservidas, fato que levou a uma verdadeira confusão no país, causando, inclusive, a saída de milhares de pessoas que não queriam se envolver na disputa armada. A decisão de convocar reservistas também culminou em diversos protestos registrados em solo russo. Centenas de pessoas contra a mobilização foram presas pela polícia local. Na última semana de setembro, o Ministério da Defesa disse que apenas alguns profissionais de tecnologia, banqueiros e jornalistas de meios de comunicação estatais não seriam convocados para servir na Ucrânia. A mobilização, no entanto, tem causado desgaste para a imagem de Vladimir Putin. Analistas apontam uma série de decisões equivocadas que vêm colocando em cheque a reputação do presidente do país. Até mesmo países aliados passaram a demonstrar insatisfação na maneira como o conflito está sendo conduzido pelo Kremlin.
EUA em alerta
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que sob nenhuma hipótese concordaria com a homologação de territórios ucranianos por parte da Rússia. Em contra-partida, o Ministério da Defesa russo disse que “espera que Kiev mude de ideia” ou que “um novo presidente do país altere essa posição”. Nos EUA, o diretor da CIA, Bill Burns disse que Putin “pode ser bastante perigoso e imprudente” se for encurralado. Já o ex-diretor da Agência Central de Inteligência do país norte-americano e general aposentado, David Petraeus, acredita que um ataque nuclear da Rússia seria o estopim e resultaria em retaliações por parte do governo dos EUA. “Certamente os Estados Unidos e seus aliados destruiriam os soldados e equipamentos da Rússia na Ucrânia e afundariam sua frota no Mar Negro”, afirmou. Alguns especialistas, no entanto, acreditam que um possível ataque nuclear não é tão real asssim. Além do uso de forças táticas contra forças ucranianas demandar o emprego de diversas ogivas para ter efeito, é muito provável que uma nuvem radiotiva seja formada e possa atingir países próximos pertencentes à OTAN ou até mesmo o solo russo, o que desencadearia uma enorme dor de cabeça para os representantes do país Veja também: Existe risco em Chernobyl com a invasão da Rússia? Entenda o que pode acontecer. Fontes: The Times, Euro Weekly News, New York Post.